Arquivo mensal: setembro 2012

Rabino ortodoxo pede que judeus queimem seus iPhones

Um rabino ultra-ortodoxo muito influente na comunidade judaica está exortando os fiéis a queimar seus iPhones.

O decreto do rabino Chaim Kanievsky, de 84 anos, foi dado antes do Yom Kippur, o dia mais sagrado do judaísmo. Ele disse que proibiu a si  mesmo de possuir um smartphone e quem tivesse um desses aparelhos deveria queimá-lo.

A orientação visa evitar as tentações da internet, devido aos perigos inerentes ao conteúdo que pode ser acessado via computadores e smartphones.

Essa mensagem foi pregada em um estádio de Nova York em maio, por um grupo de líderes e rabinos a uma multidão com longas roupas negras, típicas dos judeus ortodoxos. A mesma mensagem foi ouvida por milhares de judeus também em Londres e Jerusalém, onde foi retransmitida.

Após o decreto, foram colocados cartazes em diversos bairros ultra-ortodoxos de Jerusalém, que classificaram o IPhone de “abominação 24 horas ao dia”.

Além disso, o grupo ultra-ortodoxo recomendou que dono de iPhones sejam retirados dos seminários religiosos e ainda que os filhos sejam mantidos longe de usuários de iPhones.

Todo esse movimento vai na contramão do burburinho criado em torno do lançamento do iPhone 5. Apesar da proibição religiosa, os grandes jornais israelenses noticiam quase que diariamente todas as novidades do famoso smatphone.

Celular kosher

Alguns judeus ultra-ortodoxos passaram a exibir o que agora passou a ser conhecido como “celular kosher”. Estes são aparelhos simples, com o acesso à internet e recursos de vídeo bloqueados e carimbado com um selo de aprovação rabínico. “iPhones são perigosos”, dizem eles em uníssono.

“Ele assume sua vida. E assume sua mente”, disse Yitzhak Kabalo, operador de telemarketing em instituições de caridade ultra-ortodoxas.

 

Filme ‘O cônsul de Bordeaux’ resgata heroísmo do ‘Schindler português’

O filme “O cônsul de Bordeaux”, que chegou às telas em 2011, procura fazer justiça à figura do diplomata luso Aristides de Sousa Mendes, um herói marginalizado em seu país e pouco conhecido no resto do mundo, mas que salvou 34 mil pessoas do nazismo com a emissão de vistos para os perseguidos fugirem da França ocupada.

A história de Sousa Mendes é muito menos popular que a de Oskar Schindler, apesar de o diplomata – também conhecido como o “Schindler português” – ter “salvado” muito mais pessoas que o empresário alemão, imortalizado no cinema por Steven Spielberg.

Este “esquecimento histórico” se deve à vontade dos próprios foragidos do Holocausto de deixar para trás esse traumático passado, mas também ao desprestígio e à defenestração que Sousa Mendes sofreu por parte do regime de António de Oliveira Salazar, explicou à Agência Efe o diretor do filme, João Correa.

Enquanto Schindler contratou pouco mais de mil judeus para trabalhar em sua fábrica e, por consequência, fugir das autoridades nazistas, Sousa Mendes aproveitou seu cargo de cônsul português em Bordeaux (França) para conceder 34 mil vistos – 10 mil somente para judeus – às pessoas que fugiam das forças de ocupação.

Os sobreviventes que escaparam da França e seus descendentes “não queriam reviver o passado, mas olhar para frente”, comentou Correa, que chegou a entrar em contato com alguns deles para preparar o filme.

Grande parte dos judeus que ganharam um visto de Sousa Mendes emigrou aos Estados Unidos e, outros, terminaram instalados em Israel. Aliás, em 1966, este país concedeu a Sousa Mendes o título de “Justo entre as nações” em reconhecimento ao seu trabalho.

A heróica história de Sousa Mendes, no entanto, não teve um final feliz. O diplomata foi privado de seu cargo e de sua aposentadoria, chegou à miséria e morreu em um hospital franciscano de Lisboa viúvo e longe de seus filhos, que também foram morar nos EUA.

“Esse foi o preço que ele pagou por desobedecer o regime de Salazar”, afirmou o diretor do filme, que acrescentou que “ainda hoje há pessoas em Portugal que criticam esse herói pelo fato dele não ter sido ‘fiel’ ao seu país”.

Entre seus críticos, também há aqueles que lhe acusam de “se aproveitar” dos judeus e “lucrar” com a venda de vistos, algo que Correa qualifica como um “grande absurdo”, já que nesse caso Sousa Mendes “deveria ter ficado milionário, sendo que na realidade ele morreu na pobreza”.

O diplomata, cristão praticante e de formação humanista, descumpriu a lei portuguesa que impedia a entrada de ‘pessoas indesejáveis’ no país ao conceder 34 mil vistos aos judeus e refugiados opositores ao nazismo, todos eles em um prazo de apenas dez dias e em pleno avanço do III Reich.

“‘O cônsul de Bordeaux’ não é um filme sobre os anos 1940, mas sobre a memória e sobre o agora”, declarou Correa. A narrativa do longa é iniciada em um povoado do norte de Portugal e muito próximo à Galícia no ano de 2008, quando uma jovem jornalista portuguesa entrevista um velho diretor de orquestra chamado Francisco de Almeida.

A jornalista descobre que o músico de sobrenome luso nasceu na realidade na Polônia e mudou de nome após escapar da invasão nazista de 1940 em direção à Venezuela, via Bordeaux e com a ajuda do cônsul português.

A partir daí, o espectador, que é conduzido ao contexto da Segunda Guerra Mundial, se depara com a figura de Sousa Mendes “através dos olhos de um jovem judeu de 14 anos” (o próprio Francisco de Almeida), detalhou o diretor.

O filme, que já pôde ser visto nos festivais franceses de Cannes e Biarritz, também será projetado em todos os museus do Holocausto do mundo. Em Portugal, o “O cônsul de Bordeaux” só estreará no próximo dia 8 de novembro, enquanto seus produtores ainda negociam sua distribuição na Espanha, França e Brasil, entre outros países.

Hollande abre memorial a judeus deportados

A França inaugurou na última sexta-feira um memorial para dezenas de milhares de judeus franceses que passaram pelo campo de deportação de Drancy, logo ao norte de Paris, que funcionou a partir de 1941, quando parte da França foi governada pelo marechal colaboracionista Henri Pétain e a outra metade ocupada pela Alemanha nazista. Cerca de 65 mil judeus, entre homens, mulheres e crianças, passaram por Drancy entre 1941 e 1944, ao caminho dos campos de extermínio na Polônia e na Silésia; apenas 2 mil sobreviveram.

As condições em Drancy eram brutais. Pais eram separados dos filhos. O presidente da França, François Hollande, disse esperar que o sofrimento que foi vivido em Drancy dê origem hoje à “vigilância” contra o extremismo e o nazismo. Segundo Hollande, em Drancy ocorreu “um crime abominável”.

O governo francês só começou a reconhecer o papel dos próprios nazistas na deportação e morte dos judeus franceses na década de 1990, sob o presidente Jacques Chirac.

Ensaio de fotógrafo brasileiro mostra convivência Israel-Palestina

Cenas observadas em três das maiores cidades de convivência Israel-Palestina, envolvendo principalmente os conflitos e as fés judaica e islâmica, mostram o olhar de um brasileiro em uma exposição inédita em São Paulo a partir desta quarta-feira (12).

“Jerusalém é o ápice de encontro entre religiões, e mesmo com essa convivência tão próxima, [a cidade] tem paredes, tem barreiras”, explicou  Marcos Muniz, de 28 anos, uma das apostas do Museu da Imagem e do Som (MIS) deste ano em um projeto que coloca novos fotógrafos brasileiros em evidência.

Muniz desenvolveu o ensaio fotográfico “Entre muros e ideias” ao longo de apenas 10 dias em uma viagem com a namorada por Tel Aviv, Jerusalém e Belém, ainda em 2010. A longevidade dos conflitos, no entanto, colaboram para garantir a atemporalidade das imagens. É a primeira vez que o brasileiro expõe a série.

Gerador de conteúdo em publicidade, Muniz passou a se dedicar mais à fotografia desde a faculdade, durante um trainee. Após se mudar para Londres a trabalho e estudos, ele conseguiu realizar o plano de viajar para o Oriente Médio e se impressionou com o que viu.

“Eu não tinha pretensão de fazer um projeto fotográfico, era algo muito intenso e eu simplesmente fotografava. Comecei fotografando esses muros e pôsteres com frases de protestos, mas logo cheguei até o nítido distanciamento físico entre israelenses e palestinos e situações até irônicas que caracterizam a convivência com os conflitos”, diz.

 

Entre Muros e Ideias – Marcos Muniz

Exposição: de quarta-feira (12) até 28 de outubro
Horário: terças a sábados, das 12 às 22h; domingos e feriados, das 11 às 21h
Local: Museu da Imagem e do Som
Entrada gratuita
 

Israel adianta transferência de fundos aos palestinos

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta terça-feira uma transferência antecipada de cerca de 63 milhões de dólares para a Autoridade Palestina, para socorrê-la diante de suas dificuldades financeiras, indicou um comunicado oficial.

“Netanyahu ordenou que seja transferido para a Autoridade Palestina um adiantamento de 250 milhões de shekels (63 milhões de dólares, 50 milhões de euros) diante da crise financeira que a ANP atravessa”, indica o comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro.

Netanyahu tomou a decisão depois de o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, ter reduzido os preços dos combustíveis e o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) após mais de uma semana de protestos na Cisjordânia contra o aumento do custo de vida.

Horas antes, o primeiro-ministro israelense havia dito que seu governo estava “trabalhando em várias frentes para ajudar a Autoridade Palestina com seus problemas econômicos”.

Com a crise, a administração de Ramallah ficou impossibilitada de pagar todos os salários de dezenas de milhares de funcionários públicos.

Todo mês, Israel transfere dezenas de milhões de dólares em direitos alfandegários e de IVA, aplicados às mercadorias destinadas aos palestinos e que passam pelos portos e aeroportos israelenses. Esses valores representam grande parte do orçamento palestino.

Netanyahu: ‘Israel não pode esperar para agir contra Irã’

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que, se a comunidade internacional não quer impor limites a Teerã no que diz respeito ao seu programa nuclear, não pode pedir a seu país que espere para agir contra o Irã.

“O mundo diz a Israel que ainda há tempo. Eu respondo: tempo para quê, tempo até quando?”, questionou Netanyahu, durante uma entrevista coletiva promovida por ocasião da visita do premier búlgaro Boyko Borissov a Jerusalém. “Aqueles da comunidade internacional que se recusam a fixar limites ao Irã não têm o direito moral de impô-los a Israel”, advertiu.

“O fato é que, a cada dia que passa, o Irã está cada vez mais perto da bomba nuclear. Se o Irã sabe que não existem limites ou prazo máximo, o que irá fazer? Exatamente o que está fazendo: continuar sem qualquer interferência para obter capacidades nucleares e, a partir daí, bombas atômicas”, completou Netanyahu.

Enquanto isso, um enviado especial do governo britânico pediu recentemente às autoridades de Israel que não ataquem as instalações nucleares iranianas, publicou hoje o jornal israelense Haaretz. Segundo a publicação, que cita uma fonte do governo, o emissário entregou há duas semanas uma mensagem pessoal do primeiro-ministro britânico, David Cameron, sobre o assunto às autoridades do país.

O representante se reuniu com Netanyahu, com o ministro da Defesa, Ehud Barak, além de autoridades diplomáticas e do setor de segurança, para expressar que Londres defende uma solução diplomática ao controverso programa nuclear iraniano. Mark Regev, porta-voz do premiê israelense, se negou a fazer comentários. A embaixada britânica em Israel também evitou fazer declarações.

Israel considera o programa nuclear iraniano uma ameaça e seu primeiro-ministro insiste que as sanções internacionais impostas ao país não estão funcionando. Esta postura ampliou a distância entre o governo israelense e a administração de Barack Obama, que acredita que ainda há tempo para que o Irã modifique sua atitude e decida esperar para ver os efeitos das sanções.

O jornal israelense Haaretz publicou hoje que a Casa Branca teria rejeitado um pedido de Netanyahu para se reunir com o presidente americano nos Estados Unidos neste mês em razão da desavença. Uma autoridade israelense, que não quis ser identificada, explicou que autoridades de Washington disseram que o encontro não seria possível, pois “a agenda do presidente não permitiria”.

Loja de roupas ‘Hitler’ ganhará novo nome após protestos na Índia

Uma loja de roupas que ganhou o nome de “Hitler” será renomeada e terá o letreiro com o nome do ditador austríaco removido após protestos na Índia.

O dono da loja, Rajesh Shah, disse que escolheu o nome em homenagem a seu avô, um homem muito rígido e disciplinador a quem a família se referia como “Hitler”.

A loja fica em Ahmadabad, no estado de Gujarat, oeste da Índia, e abriu no mês passado. Em frente ao estabelecimento há um grande letreiro no qual se pode ler o nome do diretor, com uma suástica desenhada dentro do pingo na letra I.

Shah recebeu dezenas de ligações pedindo que ele mudasse o nome da loja. O cônsul geral de Israel em Mumbai também pediu que as autoridades locais interviessem no caso.

O dono do estabelecimento disse não conhecer a história de Hitler, mas muitas pessoas da cidade afirmam que o nome foi uma estratégia de marketing para tornar a loja conhecida.

Democrata compara republicanos a nazistas

Um alto dirigente do Partido Democrata americano foi criticado pela comunidade judaica  após comparar os republicanos ao propagandista nazista Joseph Goebbels.

Um dia antes da convenção democrata em Charlotte, na Carolina do Norte, o presidente do Partido Democrata na Califórnia, John Burton, criticou os republicanos por mentirem repetidamente na tentativa de voltar à Casa Branca.

“Eles mentem e não se preocupam com o que as pessoas pensam sobre isto (…) e repetem estas mentiras como Joseph Goebbels”, disse Burton ao jornal San Francisco Chronicle, citando a máxima do dirigente nazista de que uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade.

Os comentários foram condenados rapidamente pela Coalizão Judaica Republicana: “John Burton deveria conhecer melhor a questão antes de trazer os nazistas e suas vítimas para nosso debate político; aparentemente a ofensa que estas afirmações causam aos sobreviventes do holocausto e suas famílias são de menor importância para ele que a perspectiva de benefício para o Partido”.

Ben LaBolt, porta-voz da equipe de campanha do presidente Barack Obama, destacou que os comentários de Burton não refletem a ótica dos democratas.

Mais tarde, Burton emitiu um comunicado desmentindo ter chamado os republicanos de nazistas: “jamais faria isto”.

Hezbollah diz que mísseis alcançam qualquer alvo de Israel

O líder do grupo xiita libanês Hezbollah, o xeque Hassan Nasrallah, disse que sua organização não necessita de armas nucleares ou químicas, porque seus mísseis têm o poder de atacar qualquer alvo de Israel, tanto militar como civil.

Em entrevista à rede ”Al Madayin”, Nasrallah disse que ”por motivos religiosos” não possui estes tipos de armas, mas que se Israel atacar com armas químicas, o Hezbollah não terá ”limites”.

”Estamos defendendo a Palestina e nós mesmos. Estamos fazendo frente à ameaça de Israel com a ameaça e podemos defender nossa dignidade e soberania”, acrescentou.

O líder do Hezbollah assegurou que ”todas as opções são possíveis” e que um dia seu grupo pode deixar de se limitar à autodefesa e entrar na Galiléia.

No que diz respeito à postura iraniana em relação à ameaça de Israel, Nasrallah assegurou que há ”uma ordem de resposta perante qualquer ataque israelense contra instalações nucleares, algo que afetará também os interesses americanos”.

O xeque assinalou que está sendo produzida uma ”grande transformação na região e no mundo que vai mudar a ordem regional e mundial e que vai esboçar o que serão as próximas décadas”.

Na opinião do líder do Hezbollah, o mundo árabe pode desempenhar ”um grande papel mundial”, mas isso dependerá da vontade dos povos que lutaram contra seus regimes, em alusão aos protestos da Primavera Árabe.

”Nos encontramos perante novos cenários e estamos vivendo uma situação regional nova”, disse Nasrallah, que destacou as mudanças no Egito, onde em fevereiro de 2011 uma revolução tirou do poder o presidente Hosni Mubarak.

A queda de Mubarak é, segundo sua opinião, o primeiro ”desafio” contra Israel. Além disso, Nasrallah expressou sua esperança de que as novas autoridades egípcias ajudem a causa palestina.